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Deixem os gestores gerir...

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Com o aumento significativo da taxa de desemprego, é imperativo reflectir sobre as práticas de contratação dos empresários e decisores portugueses, sabendo existir uma não correspondência muito disseminada das habilitações dos trabalhadores ao posto em que o profissional se integra.

Todos conhecemos um caso ou outro de uma pessoa que, para ter um emprego foi necessário concorrer a um cargo não correspondente às suas habilitações e que para isso contou com a “recomendação”, vulgo cunha, de alguém conhecido na empresa ou organismo que o contratou. De facto, sou diariamente confrontado com situações em que o factor “conhecer alguém dentro da empresa” é preponderante para a obtenção do cargo.

Basta abrir o jornal e verificar que o presidente da empresa X é engenheiro, e o da empresa Y é advogado ou mesmo médico, quando na realidade, a formação académica que habilita e forma na especialidade uma pessoa para cargos de gestão é a formação nisso mesmo, gestão!

A formação em gestão é uma formação horizontal, suficientemente abrangente para dotar o profissional de conhecimentos e ferramentas que lhe facilitem a tomada de decisões, sim, porque gerir é saber tomar decisões. E, na eminência dessa tomada de decisões, se a situação o exigir, os gestores sabem que devem recorrer a especialistas, os tais engenheiros, advogados ou mesmo médicos.

Cumpre-me aqui deixar uma saudação a esses profissionais e lembra-lhes que nada tenho contra as suas profissões de tão nobres que são.
Reforço apenas que, não sendo essa a sua formação, não estarão certamente tão habilitados para a exercer como alguém que estudou especificamente para o caso.

Sim, até porque, por acaso, sei umas coisas de medicina mas nunca sonharia ser médico ou exercer profissões relacionadas e mesmo sendo um “apaixonado” pelos temas do direito, sempre que é necessário um parecer técnico recorro ao meu advogado, que foi mesmo para isso que ele estudou… e bem, por acaso!

Olhemos por exemplo para os clubes de futebol da 1ª liga e digam-me os senhores leitores, assim de repente, se conhecem algum presidente desses clubes que seja advogado, engenheiro ou professor… pois, são vários, não é verdade? Quase todos, diria eu…

E licenciados em Gestão? E Gestão do Desporto? Conhecem algum?

Após o final do Campeonato Mundial de Futebol surgiram na imprensa alguns artigos que tentavam em abordagens diversas explicar o porquê de a nossa selecção não ter alcançado o resultado tão desejado e dado “quase como certo” de sermos Campeões do Mundo (vá-se lá saber como…).

Pois bem, lanço daqui a minha sugestão…

Oiço falar do Treinador Carlos Queirós há alguns anos e conheço um pouco do seu percurso desportivo, mas, apesar de ter reforçado ao longo do tempo a sua formação, tem como formação de base uma licenciatura em futebol feita no ISEF, que lhe confere a competência de treinar equipas de alto rendimento em futebol. Gerir a equipa é um assunto completamente diferente. Gerir 23 jogadores em que a maioria joga em países estrangeiros, com equipas bem geridas, habituados a outras abordagens, é outra história…

E aqui reside o problema do desporto português! As pessoas erradas nos lugares errados, a exercer autoridade sobre outros com mais e melhor formação.

Li há alguns dias uma oferta de trabalho num site dedicado, em que se pretendia um profissional para gerir a atribuição de verbas em forma de subsídio a um conjunto de entidades desportivas, e um dos pré-requisitos era ser licenciado em educação física.

Ora bem, convém esclarecer que os licenciados em educação física estudam para ensinar a fazer desporto e não para gerir verbas… para essas funções existem as licenciaturas e mestrados em gestão do desporto.

Surgiu também há dias, um artigo de resumo dos resultados desportivos internacionais de grande mérito que os nossos vizinhos espanhóis alcançaram nos anos mais recentes e acredito piamente que muitas pessoas com cargos desportivos importantes do mundo desportivo no nosso país ficaram de boca aberta sem perceber como tal foi possível…

Em boa verdade somos muito diferentes dos Espanhóis, pessoas pragmáticas que vão directas ao assunto, trabalham por objectivos e, tal como dizia Iniesta, “dá-me mais prazer ver os espanhóis felizes com a vitória do que a minha satisfação pessoal”, situação que em Portugal é impensável numa esmagadora maioria das situações, em que as pessoas se usam da causa pública em vez de trabalhar para ela.

Adiantava-se há tempos que se deveria reservar o acesso a trabalhar em ginásios apenas a profissionais com licenciaturas em desporto ou afins e caiu o “Carmo e trindade”, ainda não percebo bem porquê! Isto é o mesmo que dizer que vamos a partir de hoje exigir que para darem consultas, os profissionais tenham de ter uma licenciatura em medicina, como se isso não fosse óbvio.

E para quem conhece o ramo, o clima que se vive ainda hoje nos ginásios é afirmar que “os licenciados em educação física não percebem nada de ginásios” e portanto vamos lá contratar os amigos que fizeram aqueles cursos milagrosos de 3 dias e ficaram aprovados com “muito bom”.

E porque o nosso estado é um dos estados europeus intervencionistas no desporto, lá veio em salvação desses profissionais de ginásio (que deveriam procurar trabalho na sua área de formação e deixar essas vagas livres para os licenciados em educação física que estão a vender jornais ou servir bicas porque as suas vagas estão ocupadas), e criou as “tão interessantes” Cédulas de treinador desportivo (Decreto-Lei 248A de 31 de Dezembro de 2008).

O que parecia ser uma solução, para garantir trabalho aos que procuram uma colocação depois de dedicados vários anos de estudo numa licenciatura, rapidamente se transformou em nada, com a criação de excepções e formas de contornar a lei

E assim vivemos neste país.

Se não temos uma licenciatura somos apelidados de burros, mas se conhecemos o dono da empresa somos contratados.

Somos motivados a fazer uma licenciatura e quando pretendemos um emprego bem qualificado, dizem que nos falta a experiência e que devemos aceitar um emprego não qualificado porque “estamos em crise”!

Estudamos para ser engenheiros mas se surge uma vaga a gerir “qualquer coisa”, concorremos.

Pretendemos um gestor para um novo negócio, mas se conhecemos alguém que é arquitecto, contratamo-lo… até pode dar jeito porque o rapaz sabe fazer uns desenhos e, cá para nós, isto de gerir até nem é difícil.

Com um olhar atento aos nossos políticos, analisando a formação que de cada um deles tem a nível de gestão e depois comparando com o estado grave em que o país se encontra será suficiente para concluir que, em Portugal qualquer um pode e tem o direito de gerir qualquer coisa,… agora, saber gerir já é outra conversa.

Deixem a gestão para os gestores, a engenharia para os engenheiros, a advocacia para os advogados e a medicina para os médicos e vão ver que tudo corre melhor… é o que vos digo…

 

"Se você tem uma laranja e troca com outra pessoa que também tem uma laranja, cada um fica com uma laranja. Mas se você tem uma ideia e troca com outra pessoa que também tem uma ideia, cada um fica com duas." Confúcio

 

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